2005-11-29

Sobre o Casamento

Vou casar.
Uns vão dizer que é uma coisa incrivelmente idiota para se fazer, outros que estou farto de estar bem, os restantes que não devo estar na posse de todas as minhas faculdades mentais e provavelmente todos têm razão. Mas todo o ser humano erra alguma vez na vida e eu decidi que estava na altura de o fazer. Além disso, todos conhecemos o cliché do herói que salva a heroína do dragão, lhe dá um beijo terno e longo, se casa com ela e vive feliz para sempre - ele, porque ela vai desejar ser salva de novo por um dragão. Este tipo de romances é bonito, temos que reconhecer. Desperta a nossa sensibilidade, a nossa capacidade de amar e oferecer a alguém toda a nossa dedicação - para além de nos fazer parecer uns tolinhos. É bom!
Assim, inspirado por todas as histórias bonitas de amor, decidi dar este importante passo. Para além disso, alguém me disse que existem benefícios fiscais. Em todo o caso é uma grande novidade e decidi partilhá-la com o mundo.
Eu sei, dizem que é essencial que a pessoa com quem tomamos esta decisão fatal tenha gostos parecidos com os nossos, mas nós somos diferentes em muitas coisas e há boas razões para isso acontecer. A música, por exemplo: era totalmente impossível encontrar uma mulher fã de heavy metal e por outro lado não abundam homens entusiastas do reggaeton. Donde, somos ímpares em ambientes musicais opostos e acabámos por acasalar, apesar dos avisos do Rui Veloso. Já pensei algumas vezes em como podemos chegar a um consenso sobre a atmosfera musical e ainda olhei para alguns discos de Vivaldi que tenho em casa, mas isso ia tornar o ambiente caseiro muito parecido com o de uma carruagem da Fertagus e desisti: é preferível existirem dois bons pares de auriculares.
Outro exemplo é a questão do cinema: como ela gosta de comédias e eu prefiro thrillers, durante algum tempo só vimos filmes de terror. Após algumas tardes chegámos à derradeira conclusão de que era menos sofrível ver alternadamente comédias e thrillers.
Resumindo e concluindo, diferimos em muitas coisas importantes. Teoricamente, temos tudo para que não dê certo. Mas vai dar: o amor vence tudo.

2005-11-14

PARABÉNS, MERIEL!


Não deu para te oferecer uma prenda no dia, mas trago-te o bolo! :)
Muitos parabéns, e que a nova etapa da tua vida, a que te vai satisfazer todos os desejos que acalentas para ti e para o teu filhote, não tarde!

2005-11-09

#13 sentir?



Pergunto-me até que ponto não há um padrão para todos nós, para todas as situações, para a forma de as encarar… as reacções acabam por se repetir indeterminadamente na esfera da existência, mesmo que os alvos sejam diferentes.
O mesmo aspecto débil atravessa-lhe a face, a mesma respiração superficial, o mesmo desejo de ficar entre nós os que no fundo sempre estivemos mortos, só porque ninguém sabe o que nos reserva o “sono eterno”, este é o mesmo aspecto que todos têm quando agarrados a uma cama, o ar de cordeiro manso e compreensivo, amoroso, dócil… feliz como uma criança a que se entrega um chupa-chupa.
Não procuro respostas para a minha agonia, que nem eu sei definir de que se trata, mas sei essa dor nos acompanha na memória e acaba por estagnar o que sentimos, o que vimos e interpretámos.
Não me cabe a mim explicar o que se passa ou o que se passou, apenas sei que partir é inevitável e não necessariamente mau, mas não há maior dor que a dos que ficam… ainda que nos recusemos a esquecer, igualmente recusamos partir com eles (ainda que Liebestod seja a melhor morte), é mais confortável ficar a ver o vazio que ganha cada peito cada vez que alguém parte, um peito mais leve e inconformado, perdido no seu egocentrismo…
A verdade é que mesmo perante a dor fico aqui, e fico grata por respirar e sorrir por saber que tanto a felicidade como a tristeza são inconstantes sentimentos da graça humana.