2006-12-26

Ceia de Natal

No meu canto sossegada olhava a parede ensanguentada. Já me habituara àquela imagem nojenta apesar de apenas desejar poder fugir dali.
Alguém se aproximou de mim mas, como já era costume, nem me dei ao trabalho de ver quem era.
Rudemente puseram-me um pão na boca. Que bem que sabia. O melhor pão que comera na vida. Ou talvez não, mas a memória desfazia-se aos poucos.
Percebi depois que era apenas mais um teste, apenas mais uma tortura. Desviava agora os olhos da minha hedionda parede carmim sempre que pressentia alguém. E o sabor frustrado do pão que me aflorava os lábios aumentava ainda mais o sofrimento.