Fêmea

Será que ser mulher implica gostar de cor-de-rosa, ver novelas, pintar os lábios de vermelho, perder tempo em cabeleireiros, dizer palavras como “imenso”, “giríssimo” e “parvo”, passar horas a falar de roupa e homens, fazer trejeitos infantis com a boca e gestos dengosos com as mãos?!
Quando uma mulher gosta de animais em vez de actores de cinema, de livros em vez de revistas, de motas em vez de descapotáveis, de artes marciais em vez de ballet, de armas em vez de telemóveis, de subir montanhas em vez de passear em centros comerciais, de tiro em vez de compras, de preto em vez de cor-de-rosa, de Whisky puro em vez de Baileys, de mato em vez de betão, de bifanas no pão em vez de saladinhas, de mar em vez de piscina, é logo catalogada como “um gajo porreiro”.
Porquê que uma mulher não pode ser macia nas formas e firme no carácter? Porquê que não pode ser quente no beijo mas fria na batalha? Porquê que não pode ser fraca nos sentimentos mas forte no intelecto? Porquê que não pode ser desvairada no amor e coerente nas convicções?
Sempre tentei pensar e viver intensamente todas as descobertas do conhecimento, do amor e da vida.
Sinto-me muito feminina, muito mulher, muito fêmea.
Ser fêmea é ser feroz, é ser livre, é ser docemente selvagem.