2005-10-11

Fêmea


Será que ser mulher implica gostar de cor-de-rosa, ver novelas, pintar os lábios de vermelho, perder tempo em cabeleireiros, dizer palavras como “imenso”, “giríssimo” e “parvo”, passar horas a falar de roupa e homens, fazer trejeitos infantis com a boca e gestos dengosos com as mãos?!
Quando uma mulher gosta de animais em vez de actores de cinema, de livros em vez de revistas, de motas em vez de descapotáveis, de artes marciais em vez de ballet, de armas em vez de telemóveis, de subir montanhas em vez de passear em centros comerciais, de tiro em vez de compras, de preto em vez de cor-de-rosa, de Whisky puro em vez de Baileys, de mato em vez de betão, de bifanas no pão em vez de saladinhas, de mar em vez de piscina, é logo catalogada como “um gajo porreiro”.
Porquê que uma mulher não pode ser macia nas formas e firme no carácter? Porquê que não pode ser quente no beijo mas fria na batalha? Porquê que não pode ser fraca nos sentimentos mas forte no intelecto? Porquê que não pode ser desvairada no amor e coerente nas convicções?
Sempre tentei pensar e viver intensamente todas as descobertas do conhecimento, do amor e da vida.
Sinto-me muito feminina, muito mulher, muito fêmea.
Ser fêmea é ser feroz, é ser livre, é ser docemente selvagem.

13 Comments:

Blogger Nocturno said...

Está lindo... tanto o texto como a imagem ;)
Mas discordo um pouco com o texto, porque o meu conceito de mulher não é propriamente o de uma mulher vestida de cor-de-rosa com aquele tipo de palavreado.
Gosto de uma mulher que sabe lutar por aquilo que quer e por aquilo que acredita, e tenho uma dessas comigo.
Mas talvez afinal os homens não sejam todos iguais...

8:30 da tarde  
Blogger Meriel said...

Pois não, existem uma raras excepções. Raras, cada vez mais raras...
Até amanhã ave rara, ups desculpa, lobo raro :)))
p.s. é pena não teres mais machos desses na tua alcateia ;)

10:03 da tarde  
Blogger barbAs said...

eu comecei por perguntar se seria mesmo assim, porque achava que a' minha volta ninguem olha para as mulheres assim, mas enquanto o escrevia mudei de ideias, e apagei tudo. e' claro que olham, porque as mulheres com quem eu me dou sao assim, nada poppy-cor-de-rosa,e os meus amigos v^eem-nas como "gajos porreiros que usam saias de longe em longe". Eu nao, repugna-me as miudas como as minhas colegas de apartamento, para quem qualquer conversa alem de maquilhagem, gajos bons "fit guys", e contagem de pilulas do dia seguinte ("eu ja tomei tres..."), sao super-estruturas de conhecimento. Mas discordo do que disseste no outro texto "a cabra perfeita", elas sao inteligentes, e muito, nas relacoes humanas conseguem sempre ficar no topo... Para mim essas minhas amigas sao mulheres, e bem mulheres, porque mulher e' ser forte e sensivel, e' estar atenta e dominar... E' o que as mulheres estao a fazer na nossa sociedade, os muculmanos perceberam o poder das mulheres ha muito tempo, por isso e' que foram criados os harens, nao como paraisos eroticos, mas como prisoes para as mulheres. Ja pensate no papel que as mulheres desempenharam na historia, foram elas um dos grandes motores da mudanca, e cada vez mais digam o que disserem.
Ena pa', nunca pensei ser tao feminista... =)
p.s: nao, ha uns mais homens que outros =)

7:09 da tarde  
Blogger Meriel said...

Olá Barbas :)

Concordo com tudo o que disseste, mas o que eu queria expressar neste post e no post da cabras são duas coisas diferentes.
Este post não é uma critica às mulheres que "gostam de cor-de-rosa", ou seja às mulheres que normalmente se descrevem como muito femininas. Eu tenho amigas que gostam de todas as coisas que descrevi e são pessoas inteligentes e excepcionais.
Escrevi este post porque:
1) estou farta de se tratada pelos amigos e qualquer homem interessante que conheço com "um gajo porreiro".
2) não concordo com a limitada definição de feminino que continua infelizmente em voga.
3) é uma critica a alguns homens que, mesmo quando muito inteligentes, parecem revelar uma enorme limitação na sua maneira de olhar as mulheres.
Em antigas culturas orientais existiam excepções à mulher como ser dependente de um homem (pai, irmão, marido), eram as chamadas mulheres guerreiras. Estas não estavam sujeitas a nenhum homem, podiam viajar livremente, podiam usar armas e lutar. Mas o reverso da medalha era a proibição de casar e de ter filhos. Ou seja, para uma mulher ser livre tinha de prescindir da sua condição feminina e da sua capacidade de procriar. Masculinizavam a mulher. Por incrível que pareça acho que a sociedade ocidental acabou por assimilar vagamente este conceito.
Uma mulher independente, forte, que se dedique a uma carreira, que tenha ideias próprias, que goste de desafios físicos e intelectuais, é muitas vezes catalogada pelos homens que a rodeiam, e muitas vezes a admiram, como um “gajo”. Isto independentemente do seu aspecto físico ser mais ou menos apelativo.
É como se o intelecto, a força e a coragem fizessem anular a verdadeira feminilidade, a sensualidade e o desejo.
Acho que quer nas mulheres quer nos homens a variedade de gostos, interesses e conhecimentos só nos valoriza como espécie. E catalogar ou rotular pessoas é sempre uma redução ao ser humano em análise.
Quanto ao que disse ao Noc, apenas estava a dizer que sei que nem todos os homens são assim e que tinha pena que não existissem mais homens a pensar como ele.
Quando oiço um homem inteligente dizer-me que acha uma mulher interessante, que se sente atraído por ela, mas que ela não é a pessoa certa para ele, é um sempre repetido deja vu. Pergunto sempre o que é a mulher certa e as respostas são um chorrilho de lugares comuns: coma idade certa, que tenha tido poucos namorados, certinha, que queira ter filhos, “feminina”. A tal visão reduzida do feminino. Ao longo dos anos fui vendo amigos fazerem a escolha das suas companheiras com base naquilo que me parecem as premissas erradas. O errado é o facto de existirem premissas. E essa uniões terminam sempre da mesma maneira – mal.
O amor é demasiado especial para assentar numa receita certa: sexo x, idade y, experiência z, maneira de ser k, etc...
Costumo perguntar a esses amigos “e se para teres amor de verdade e seres feliz com alguém tiveres de encontrar a “pessoa errada”?”.

3:18 da tarde  
Blogger Meriel said...

Barbas,
continuação da resposta que já ia muito longa :)
Concordo também com o que dizes sobre o poder das mulheres e o receio que os homens sempre tiveram dele. Como comentário a um post anterior escrevi isto:
“Durante séculos os homens, por puro medo de um ser que não conseguem compreender porque os ultrapassa em quase todas as coisas, criaram mecanismos para escravizar as mulheres.
Foram proibidas de estudar, de trabalhar, de escrever, de pintar, de aprender a ler, de ter ideias próprias. Foram a idade média, a inquisição, as religiões em geral, o sistema de dotes, etc,etc,etc
Mas as mulheres a tudo têm resistido e agora estão a ganhar cada vez mais força.
Não sou feminista mas não me provoques.
O futuro é fêmea!!!”
Está um bocado forte porque me picaram, na realidade não considero as mulheres melhores nem piores que os homens. Somos apenas diferentes.

3:51 da tarde  
Blogger Nocturno said...

O que tem mais piada é que não somos assim tão diferentes (não falo fisicamente, claro). As características variam de pessoa para pessoa, independemente do sexo. Ainda não me conseguiram convencer de que as mulheres têm um modo de pensar e ver a vida muito diferente dos homens, sobretudo nos casos em que a experiência de vida e a educação são coincidentes. E essa aproximação é também o resultado das sucessivas conquistas da mulher na sociedade.

4:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu lá disso não sei nada, está para vir a mulher para a qual eu olho como sendo um gajo.
Minto, havia uma na faculdade, mas isso foi pq eu andei 6 meses a pensar que era um gajo, coitadinha era tão feiita, mas boa pessoa.
o que acontece é que ao fim de uns anos de amizade comecamos a não considerar uma relação, já me aconteceu.
E isso delas gostarem de cor de rosa e afins, por mim, desde que não chateeiem e não atazanem o juízo por tudo e por nada, e me engomem as camisas, são perfeitas.

4:53 da tarde  
Blogger Meriel said...

Rag,
Tu és um tangas! As tuas camisas andam sempre amarrotadas :)))

5:52 da tarde  
Blogger Nocturno said...

...mas as camisas passam-se a ferro? :)

8:13 da tarde  
Blogger Meriel said...

:))))))))))))Eu não percebo nada disso, mas pelo que diz o Rag algumas sim ;)

10:28 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pode ser um auto-diagnostico, prefiro: animais, livros, nem motas muito menso descapotaveis,artes marciais, nem armas nem telemoveis-fotografias e bordados :)-, subir montanhas, nem preto nem cor de rosa -branco-,whisky novo bem destilado, bifanas no pao, mar. Devo admitir que não sou muito popular, tera alguma coisa a ver com o não me encaixar em nenhum dos teus perfis?

4:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ah, e não me importo de passar camisas, de vez em quando...

4:14 da tarde  
Blogger Meriel said...

Prontos, prontos, não me batam mais.
Eu achava que já tinham explicado.
As coisas que descrevi são exemplos.
Exemplos de coisas que muitos homens utilizam para catalogar uma mulher como feminina/gajo porreiro.
Eu por mim sou contra os rotulos.
Os teus gostos são bem porreiros e ainda por cima até passas camisas de vez em quando, por isso se não és muito popular é porque os homens andam todos tolinhos :)

9:45 da tarde  

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