2005-09-22

Sentir?

Dá-me a sensação de que as pessoas se esqueceram de si próprias, do seu conteúdo, da sua alma - vivem baseadas apenas no que existe fora delas. O que mais me custa é concluir que o fazem imitando atitudes de quem as rodeia e não por uma filosofia de vida imparcial e por elas escolhida. Lá está: a vida em sociedade que facilita o "ir na maré" e deseduca no pensar e sentir por si próprio.
Raramente vejo nos olhos de quem passa por mim aquele brilho especial que traduz a alegria de viver ou a libertação para amar... Estarei enganado ou há poucas pessoas felizes? Já ninguém se sente completo com um abraço e palavras doces? Será que todos escondem as emoções numa concha por ser demasiado lamechas demonstrá-las? Ou nem sequer saberão o que são emoções?
Não quero ceder à imodéstia de pensar que sou o único que fica fascinado com um simples pôr-do-Sol, que encontra conforto perto de algumas árvores frondosas ou que se sente intensamente feliz por estar ao lado da pessoa que mais amo.
Mas só consigo descortinar nos meus semelhantes (?) o desprezo por essas coisas tão básicas, gratuitas, belas e importantes, as quais não precisamos comprar - sendo que de algumas delas só temos que saber cuidar e manter, como as florestas ou o mar.
Porque é que dão tanta importância às coisas materiais, tão supérfluas na maior parte dos casos e que saem de moda passados seis meses? Será que o mar passa de moda? Ou a lua? Ou os amigos? Pelos vistos, para quase todos, sim!
Seremos tão poucos os que sentem? Serão "eles" que estão certos?...

6 Comments:

Blogger Meriel said...

Ai ai Noc, estás mesmo acutilante!
Concordo com quase tudo.
Eu fico fascinada, confortada, maravilhada, emocionada por uma infinidade de coisas: o por-do-sol, o nascer do sol, a subida da lua, o mar calmo ou rebelde, a serra bem verdinha, uma simples arvore, os olhos meigos de um cão, a beleza de um gato, um golfinho a nadar, etc... E como eu, acredito que uma infinidade de pessoas se maravilhe com pequenas coisas.
Mas, como tu dizes, para ser feliz são precisas também outras coisas: "um abraço, palavras doces, estar ao lado da pessoa que mais amo". Existem outras importantes, por exemplo: auto-conhecimento, capacidade de sonhar, paz interior e exterior.
Essas pessoas tristes que passam por ti são muitas vezes as que não têm nenhuma dessas coisas. Outras não têm apenas uma delas.
Uma é feliz porque tem o seu amor mas infeliz porque não tem um filho, outra é feliz porque tem um filho mas triste porque não tem um amor, outra é feliz porque tem um filho e um amor mas triste porque não tem saúde.
Como já disse antes, considero-me uma pessoa feliz que às vezes está triste. A felicidade vem de tudo aquilo que tenho/sinto/vivo e valorizo. Ás vezes fico triste porque valorizo demasiado o que não tenho, outras porque valorizo demasiado o que tenho tenho. Muitas vezes fico triste porque me desiludo a mim própria, porque desiludo os outros ou porque os outros me desiludem.
Ser feliz é uma opção de vida, estar feliz é fruto de uma luta constante.
Essa é a luta de uma tua semelhante(???) meio avariada :)
E hoje tou completamente avariada! Eu a defender as pessoas (isto nem parece meu :)
Mas para terminar volto ao início, concordo contigo: a maior parte das pessoas são infelizes e estão infelizes porque não têm a capacidade de sequer dar valor ao que é importante. E principalmente porque lhes falta a capacidade de sorrir, amar e sonhar.
Como sempre a tua foto é lindíssima e a tua escrita inspirada.
p.s. já recebeste? :)))))))))))))

1:47 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Claro que recebeu...

Sou má, mas não perversa...

Se calhar apenas me fazem falta os abraços, as palavras doces, estar ao lado da pessoa que amo...

11:51 da manhã  
Blogger Meriel said...

Não és perversa, nem má.
Tu és boazinha (agora é que ela me vai bater :) e és daquelas pessoas que mesmo até à ida para o céu vai ter sempre a capacidade de se maravilhar com tudo o que a vida tem de bom : uma criança, uma montanha-russa, fogo de artíficio, uma cachorrinha, uma viagem pela montanha, um lago transparente, ...
E isto porque mantens sempre a capacidade de ser criança, de brincar e de sonhar.
As coisas que te fazem falta e ainda não tens fatalmente vão aparecer... porque tu mereces :)

p.s. isto dá direito a uma promoção? Não! Não mesmo... à prontos, tá bem...

3:35 da tarde  
Blogger Nocturno said...

Basicamente a ideia que quis passar no texto foi a de que hoje em dia se liga mais àquilo que se tem materialmente do que aos sentimentos e à beleza natural do nosso planeta. O exemplo de alguém que é "feliz porque tem um filho e um amor mas triste porque não tem saúde" está contemplado no conjunto de pessoas que dá importância ao que tem importância. Mas não concordo que exista "uma infinidade de pessoas que se maravilhe com pequenas coisas". Acho que hoje em dia acontece precisamente o contrário e é isso, entre outras coisas, que critico.

P.S.: O título do texto não é de modo algum uma alusão aos posts da Syn.

5:31 da tarde  
Blogger Syn said...

sim, quando vi o sentir? ali, assustei-me, pensei que tinha postado sonambula. =P

meu lindo, só tenho uma coisa a dizer, que é sem dúvida a forma como levo a vida, eu sinto cada pequeno momento, e só desejo a intensidade, do bom e do mau. só quero sentir, quero sensações, quero existir... e só tenho uma forma de saber que existo, sentindo cada minima coisa! por isso nunca podia ir contra nada do que escreveste. *

9:27 da tarde  
Blogger Meriel said...

Noc,
Tens razão a leitura que fiz não tinha nada a ver. Concordo contigo a 100%. E ainda acrescento, há pessoas que inventam coisas para serem infelizes quando não perdem um minuto para parar o carro na berma e apreciar a lua cheia.
Na última lua cheia, estava ela ainda bem baixinha não resisti, parei o carro, tirei o meu filho da cadeirinha e ficamos os dois um bom bocado a apreciar. Normalmente quando a lua aparece, às vezes ainda de dia, o meu puto dá logo conta e começa a pular muito feliz enquanto grita "lhua, lhua, lhua".
Mas nessa noite estava tão grande e bela que ficamos os dois em silêncio, trocamos um olhar cumplice e ficamos a olhar com um sorriso nos lábios.
Porra, se me ouvires dizer outra vez que estou triste dá-me um calduço e lembra-me que tenho um filho como o meu :)

1:30 da manhã  

<< Home