2005-07-15

#9 hotel

Via o escuro lá fora entre as pancadas na minha cabeça, cada vez que a perna da cadeira esmagava a minha face saltavam gotas de sangue, tudo me sabia ao mesmo, ao sangue quente. Já não sentia nada além de uma dor prolongada e aguda, na qual se misturavam todas as minhas sensações, sendo assim só uma. O meu corpo não respondia, só os meus olhos se mexiam dolorosamente nas orbitas e a minha imagem de tudo era distorcida a vermelho. Finalmente vi-lhe os olhos caírem na realidade e perderem a voracidade, caiu no chão e começou a soluçar e largou a perna da cadeira e ficou a olhar para os meus restos… como a dor era forte, mesmo sem compreender o que me doía… custava-me respirar e sentia frio nos pés e nas mãos, a cabeça fervia e o sangue que escorria aquecia-me o pescoço. Por fim ela levantou-se, cambaleou e saltou o meu corpo, ouvi o trinco da porta atrás de mim e os passos dela afastarem-se entre lamentos, fiquei ali sozinho a contemplar aqueles instantes de profunda agonia, até naquele momento tinha que estar só. Perguntava-me como seria possível que ninguém tivesse vindo à procura da fonte daqueles gritos? Provavelmente era normal… aquele era de facto o local ideal para assassinar alguém, cada um estava concentrado no seu prazer, e os gritos que se ouvissem podia ser assumidos como parte de um jogo embriagante. Nada mais podia fazer senão entregar-me aos confins da minha mente, nem os meus dedos respondiam, dei-me então ao luxo de esfregar-me neste romance de faca e alguidar...

14 Comments:

Blogger Nocturno said...

...epá, se acabas isto assim sabe a pouco, é um anti-clímax! e a cena de sexo?!

12:08 da manhã  
Blogger Syn said...

qual sexo seu depravado?

12:24 da manhã  
Blogger Nocturno said...

não interpretes mal, eu gostei bastante! mas sem sexo?! um policial sem sexo é o mesmo que uma história do Ragnav sem zombies ou uma história da Meriel sem coelhinhos... :)

12:28 da manhã  
Blogger Syn said...

sim, mas isto é o POLICIAL à SYNESTESIS, logo não há sexo. sabes que eu sou contra padroes.

12:34 da manhã  
Blogger Nocturno said...

depende se estamos a referir-nos a um sexo como padrão ou a padrões no sexo. eles eram três, puxa pela imaginação... =P mas pronto, assim também está bem. um dia escrevemos juntos um policial, tu tratas da porrada e eu do sexo =P

12:41 da manhã  
Blogger Syn said...

mas tu hoje estás com a libido toda... o que é que andaste a fazer? eu não tenho jeito para descrever essas coisas!

12:44 da manhã  
Blogger Syn said...

posso sempre transformar isto numa história a ragnav e rescuscito a gaja que ficou degolada! e temos zombies.

12:57 da manhã  
Blogger Nocturno said...

ou transformas isto numa história à Meriel e o gajo quando está no chão começa a ver coelhinhos cor-de-rosa!
ou transformas isto numa história à Nocturno e metes a cena de sexo =P

1:02 da manhã  
Blogger Syn said...

só se for sexo no país das maravilhas com um zombie e coelhinhos à volta!

1:05 da manhã  
Blogger Nocturno said...

com os comprimidos certos, nada é impossível!

1:09 da manhã  
Blogger Syn said...

não estás a falar de viagra, pois não? tipo: "viagra levata os mortos"

1:11 da manhã  
Blogger Nocturno said...

o viagra não faz aparecer coelhinhos nem zombies. há alguns comprimidos que fazem aparecer elefantes voadores, era a esses que me referia.
mas se o viagra levanta os mortos, já percebi de onde vêm os zombies.

1:14 da manhã  
Blogger Nocturno said...

de qualquer modo já estamos a enveredar pelos contos fantásticos e pela ficção científica...
as únicas histórias que dispensam uma cenazita romântica são as de terror!

1:35 da manhã  
Blogger Ragnav said...

Discordo, o medo extremo leva a que o coração bata muito forte, donde com a irrigação brutal de sangue, o membro do tipo pode tornar-se erecto. Assim, ela podia ter uma cena de sexo com ele enquanto lhe rebentava a cabeça à pancada, é uma beca tipo instinto fatal, mas com um pé de cadeira.

10:05 da manhã  

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