2007-08-29

Desgarrada 16 (verde azeitona)

As luzes da plateia acenderam-se e o encenador entrou furioso no palco vociferando:
- Porra pá! Dou-vos espaço para improviso para quê? Tu metes um taco de basebol nas calças? Tás parvo? Achas isso credível? E tu ruivona, tens de ser mais convincente! Parecia que lhe estavas a coser o botão das calças e não a fazer um bóbó. Em vez de uma femme fatale pareces é uma puta da rotunda do relógio. E aqui o panasca quase me convenceu que afinal é hetero. Está fraco, muito fraco! Está uma merda!
Ao fim de três semanas continuava tudo na mesma. O encenador não se mostrava satisfeito com nada. Aquela peça parecia uma tortura infinda para os actores. Sempre as mesmas críticas mordazes e insultuosas. Prepararam-se para ir jantar e esquecer mais um dia de frustração total.
O berro vindo da entrada apanhou-os a todos desprevenidos:
- Ninguém se mexe! Isto é uma intervenção do Grupo Radical Foice Verde. Vamos barricar-nos neste teatro até que as nossas exigências sejam satisfeitas.