2007-08-22

Desgarrada 9 (luxúria)

A pergunta ficou a pairar no ar. Ela estava finalmente ali, ao meu alcance. Desde que a vi, quando entrei no restaurante, que a achei perfeita, divinal. Nenhuma outra alguma vez me fascinou tanto só de olhar para ela! Tinha também a ligeira noção de que, para meu embaraço, os meus companheiros descortinaram desde o início o feitiço que me atingiu vindo daquele canto. E a forte cor vermelha, que muitos poderiam afirmar não ser natural, era para mim perfeita e linda, combinava tão bem com o resto da sua silhueta maravilhosa! E continuava ali, à espera de uma palavra minha, que a colocasse à minha mercê, para dela dispôr como me aprouvesse. A excitação aumentava exponencialmente. Ocorreu-me um pensamento estranho, o de desejar que não tivesse pêlos. Nunca gostei da sensação de ficar com um pêlo na língua. Mas afastei rapidamente o pensamento, já me tinha sido dado a perceber que ali seria muito improvável encontrar um pêlo que fosse.
Decidi-me e respondi, finalmente. Aquilo que todos sabiam, que era para mim aquela a eleita, revelou-se através da minha trémula voz.
- Para mim, pode ser uma fatia da tarte de morango.
O empregado afastou-se com o meu pedido para a sobremesa. Reparei enquanto esperava que a ruiva se tinha aproximado da mesa do grupo barulhento e lhes dizia qualquer coisa que não consegui perceber.