2005-06-30

#2 hotel

Os primeiros pingos de chuva começaram a cair, abriguei-me melhor no nicho decrépito onde me encostava e puxei as golas da gabardina para cima a fim de me proteger do frio que começava a gelar-me a espinha. Mesmo assim não estava resguardado o suficiente. Via agora através de lentes manchadas de água, deram-lhe uma graduação diferente e curiosa, fazendo brilhar mais os vermelhos dos faróis dos carros, bem como a luz nervosa do anúncio do hotel, ela gemia a neons rosa choque e azuis: “Vox Hotel”, a voz do pecado, a voz do prazer. Um antro a que nem o titulo de 1 estrela devia ser cedido. Sabia-se lá a quantidade de corpos que passavam nos mesmos lençóis no mesmo dia ou mesmo ao longo de dias? No entanto movimento não lhe faltava, era uma azáfama de clientes que se dirigiam a todos os quartos e os vagavam em uma hora ou hora e meia. Não havia dúvida que era popular. Tornava incompreensível perceber como havia tanta gente naquele fim de mundo à mesma hora! Carros convergiam para o parqueamento de seis lugares sempre lotado e acabavam por abandonar as carripanas num qualquer sítio ao lado da estrada única que rasgava a taciturna pastagem.

1 Comments:

Blogger Nocturno said...

Mais, mais... :)

10:30 da manhã  

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